Sentidos do Mundo

21.05.2018


Moonlight (2016).

O oitavo encontro anual da Associação de Investigadores da Imagem em Movimento (AIM) começa oficialmente na próxima quarta-feira e termina no sábado. Apresentarei uma comunicação no último dia, dia 19, intitulada “Sentidos do Mundo: O Cinema a Partir da Teologia de Paul Tillich” num painel sobre cinema e pensamento. Eis o resumo:

O teólogo luterano Paul Tillich dedicou parte da sua obra ao pensamento sobre a cultura. Para ele, a cultura é uma função específica do processo que é a vida humana. Esta função está ligada à auto-criatividade através da qual os seres humanos dão sentidos ao mundo para eles mesmos. No campo da arte, a cultura como relação com o mundo tem uma expressão estética, terreno no qual se inscrevem as ambiguidades da existência humana, o estranhamento da humanidade em relação a si mesma e ao mundo onde vive. O contributo de Tillich para a teoria do cinema tem sido ligado a teóricos como André Bazin, tomando o realismo e a revelação como temas principais. Esta comunicação propõe algo diferente: o esboço de um entendimento do cinema como reflexão teológica a partir da teologia de Tillich. O centro desta investigação é a relação entre o eu e o mundo. No terceiro volume da sua Teologia Sistemática, o teólogo argumenta que uma verdadeira união entre o eu e o mundo pode ser alcançada no encontro estético, no interior das limitações próprias do eu e do mundo. Tillich considera que o eu não é atomizado. No mesmo volume, ele explica a interdependência polar entre a individualização (ou “criação do eu”) e a participação (ou “integração do eu”). Noutras palavras, a arte é uma actividade tão individual como integrada, tão pessoal como social. No cinema, arte colaborativa e arte de massas, estes traços tornam-se evidentes.